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Transtorno de Ansiedade e Síndrome do Pânico: conceituação geral e principais diferenças

Atualizado: 30 de ago. de 2022

Introdução


Segundo a OMS, mais de 9% da população brasileira sofre algum tipo de transtorno de ansiedade. Isso significa, em números absolutos, que o Brasil é o país que possui a maior taxa de pessoas com essa patologia no mundo, estatística nada favorável para a nossa saúde mental. Fator agravante, é que a maioria das pessoas que tem esse transtorno não se dá conta disso, e sequer sabe a diferença entre o pânico e uma crise de ansiedade.


Mas, como podemos definir o que é a ansiedade?


De forma geral, a ansiedade trata-se de uma resposta que o corpo humano e sua psique produzem em relação a uma ameaça que, por ventura, pode colocar em risco sua integridade física. Podemos dizer, assim, que a ansiedade é algo intrínseco ao ser humano que antigamente o mantinha vivo, apto a caçar, fugir etc., de forma a dar-lhe suporte à sua sobrevivência e de sua prole. Outrossim, acontecimentos os mais corriqueiros possíveis também podem nos causar ansiedade, tais como uma reunião de trabalho, uma prova, entre tantos, principalmente se nos carregarmos de grande carga de expectativa em relação ao evento que irá ocorrer.


A dificuldade, contudo, surge quando as “ameaças” nem sempre são "reais", ou seja, a pessoa se coloca em estado de alerta sem que haja de fato algo que lhe represente algum perigo real, e passa a viver constantemente nesse estado, acarretando uma sobrecarga no seu sistema imunológico, endócrino e psíquico.


Dessa forma, a pessoa passa para um estado reativo em que as emoções comandam suas ações. Nesse aspecto, o indivíduo se mantém num patamar sem saber, no entanto, que emoções são essas. Como resultado, vive ansioso sem saber a origem da ansiedade e da eventual “ameaça”, tudo sendo muito vago e impreciso em seu mundo interior. Torna-se assim, “normal” e constante, viver nesse estado de agitação psíquica e fisiológica.


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A grande questão – e aí está o problema – é que a ansiedade pode tornar-se até mesmo incapacitante para a vida do indivíduo, ou seja, interferindo negativamente nas suas relações sociais, atividades profissionais e relacionamentos afetivos, por exemplo.


Tal quadro afeta a grande maioria das pessoas, as quais, como mencionado anteriormente, se acostumam a viver “aceleradamente”, tendo isso como “normal” nos dias atuais. Contudo, esse cenário psíquico interno pode se agravar, e o indivíduo pode experimentar crises de ansiedade que se tornam potencializadas.


Sendo assim, durante tais crises – que podem ocorrer em períodos curtos, intensos e inesperados -, o indivíduo vivencia, além dos sintomas psíquicos, os sintomas físicos que podem paralisá-lo, fazê-lo perder a noção espacial-temporal, medo intenso, sudorese, desconforto abdominal, dores de cabeça etc., bem como até pensar que está tendo um infarto tão fortemente é a reação fisiológica ao “perigo iminente”. Nesse caso, é possível dizer que o sujeito está sofrendo um ataque de pânico (Síndrome do Pânico).



Esse quadro intenso e que traz enorme sofrimento para quem o experimenta constitui o grande divisor de águas entre um transtorno de ansiedade e a Síndrome do Pânico, pois o indivíduo, durante as crises dessa patologia, perde totalmente o controle, não havendo hora, local ou data para que os sintomas ocorram. Curiosamente, o “medo de ter medo”, de pensar em ter uma crise (para quem já a vivenciou), causa mais ansiedade ainda, piorando consideravelmente o problema.


Síndrome do Pânico


Conforme visto anteriormente, aludida síndrome ou transtorno, possui como caraterísticas principais, que a diferencia da mera ansiedade, intensidade dos sintomas e na imprevisibilidade de sua ocorrência.


Na Síndrome do Pânico, então, a ocorrência de ataques é normalmente recorrente, e comumente trazem o medo e o sentimento de impotência, além dos sintomas físicos, conforme outrora mencionado. É muito comum, por isso, que o indivíduo com ataques de pânico recorra à clínica médica ou cardiologia ante os sintomas físicos apresentados, tendo em vista que se assemelham a possíveis problemas cardíacos, estomacais ou respiratórios, face à sua intensidade e recorrência.


Contudo, após realizarem os exames clínicos e laboratoriais, verificam que se trata de uma patologia de cunho psíquico. Isso nos evidencia que, normalmente, a pessoa sequer sabe que está sofrendo um ataque de pânico, só vindo a ter consciência disso após várias ocorrências e atendimentos nas emergências médicas e clínicas, sem que seja encontrado uma causa orgânica para seu desconforto.


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Por isso, é de extrema importância que os profissionais envolvidos com a saúde e atuantes nessas frentes, devem estar aptos a diagnosticar, ou ao menos ter a familiaridade dos elementos característicos dessa síndrome, bem como dos principais sintomas, para poder encaminhar os eventuais pacientes para o tratamento correto. Tais ataques podem durar em média, segundo estudos realizados, cerca de alguns minutos até menos de uma hora, quando então alcança sua máxima intensidade.


Podemos mencionar também, que a Síndrome do Pânico tem acometido muito mais as mulheres (70%), e sobretudo aquelas na faixa dos 15 aos 25 anos de idade, o que pode ser um indicativo da ansiedade instalada na psique feminina para enfrentar a desigualdade profissional no mercado de trabalho em relação aos homens.


A Síndrome do Pânico, definida no Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) desde a década de oitenta, é atualmente uma patologia cujo tratamento vem sendo constantemente estudado, havendo consenso de que devem ser associados tanto os tratamentos medicamentosos quanto terapêuticos.


A adoção de procedimento terapêutico misto tem demonstrado resultados satisfatórios, considerando que o diagnóstico da Síndrome do P


ânico nem sempre é fácil de ser verificado, ou seja, normalmente, o tratamento através de fármacos é iniciado primeiro, para somente depois – e concomitantemente – ocorrer o acompanhamento psicológico ou psicanalítico.


Referências:


PIMENTA, Tatiana. Síndrome do pânico: sintomas físicos e tratamentos. Disponível em < https://www.vittude.com/blog/sindrome-do-panico-sintomas-fisicos/>. Acesso em 29 nov. 2020.


SALUM, Giovanni A.; BLAYA, C.; MANFRO, Gisele G. Transtorno do Pânico. Rev Psiquiatria RS. 2009; 31(2). Disponível em < https://www.pfizer.com.br/noticias/ultimas-noticias/qual-diferenca-entre-ansiedade-e-sindrome-do-panico >. Acesso em 28 nov. 2020.


Brasil tem maior taxa de transtorno de ansiedade do mundo, diz OMS. Disponível em <https://sindjustica.com/2020/05/27/brasil-tem-maior-taxa-de-transtorno-de-ansiedade-do-mundo-diz-oms/>. Acesso em 27 nov. 2020.


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